



A GENTE SOBE A LADEIRA POR LIBERDADE
A 18ª edição do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS): “A gente sobe a ladeira por liberdade”, contará com uma retomada de sua experiência presencial, depois da edição de 2022 que, em razão da condição sanitária do país pela pandemia da Covid-19, aconteceu de forma virtual com uma parcela semipresencial de suas atividades.
O CBAS é um evento de grande relevância para a categoria e a sociedade como um todo, realizado periodicamente desde 1974. Na 18ª edição, comemorará 50 anos de sua realização e se configura como um momento de garantir a direção do legado crítico dessa profissão com uma articulação primordial das dimensões técnico-operativas, teórico-metodológicas e ético-políticas.
A série histórica dos CBAS remonta aos anos 1960 no Brasil, quando a categoria profissional dá início ao processo de renovação da profissão e coloca em xeque o caráter conservador do Serviço Social em toda a América Latina. Marco histórico desse processo é o III CBAS, realizado em 1979, e que ficou conhecido como “Congresso da Virada”, por expressar explicitamente o direcionamento anticapitalista e crítico ao conservadorismo que passa a hegemonizar as entidades organizativas, eventos e publicações da área.
Organizado pelas entidades nacionais do Serviço Social (Abepss, Cfess e Enesso) e com o Cress Sede - 5ª Região Bahia, o CBAS contará com a participação expressiva da categoria profissional e acontecerá num momento em que a sociedade brasileira necessita reafirmar a importância da participação, da democracia, do conhecimento científico como forma de luta contra a desinformação, o retrocesso de direitos e a regressão à valores degradantes das existências, das diversidades e das relações humanas. Considerando as requisições do tempo presente, o 18º CBAS fará um chamado à categoria para refletir criticamente sobre o quadro conjuntural e estrutural e reafirmará a atualidade do projeto profissional de ruptura, forjado como parte das lutas da classe trabalhadora. Interessa demarcar o caráter internacional das lutas das(os) trabalhadoras(es) e situar os impactos da crise do capital na profissão, nas dimensões indissociáveis da formação, do trabalho e da organização da categoria profissional.
A escolha pela cidade de Salvador, como sede do CBAS, projeta um dos grandes desafios do Serviço Social contemporâneo: contribuir com as lutas da sociedade com base na compreensão da formação social do Brasil e seus desdobramentos na atualidade, tendo o racismo como seu principal estruturante. Assim, buscamos construir, de forma mais efetiva, uma formação e atuação profissional antirracista e o fortalecimento do projeto societário que almejamos. A Bahia é o estado com maior contingente de pessoas negras fora da África e lugar onde foram forjadas rebeliões, revoltas e insurgências fundamentais em defesa da liberdade, logo, o território baiano se apresenta como estratégico na identificação dessa determinação estrutural (relações raciais) da questão social e suas diversas reverberações, assim como na articulação de possíveis respostas profissionais.
A Bahia também é o segundo estado brasileiro com a maior população de povos indígenas, demonstrando sua construção plural e diversa, onde várias etnias demarcam a construção desse território. A Bahia, com todos os seus encantos e belezas é marcada pela resistência das populações não-brancas, o que nos apresenta um marco importante para a realização desse CBAS, por termos como dever e compreensão do tempo atual a garantia da soberania dos povos que constroem outros caminhos possíveis para um futuro possível e ancestral. A Bahia marca o encontro dos povos e é nesse encantamento dos encontros e das resistências que anunciamos o 18º CBAS.
O congresso foi pensado para articular os diversos temas em voga, hoje, na realidade brasileira e que se expressa na vida e no trabalho de assistentes sociais, marcando os alcances, limites e possibilidades do exercício de sua autonomia em face das requisições institucionais e demandas da população em geral. O conjunto de elementos que compõem a precarização da vida e do trabalho, o desfinanciamento das políticas sociais, a crise climática e a dimensão de exploração predatória do capital em face dos recursos naturais, as ofensivas contra a democracia e os direitos humanos, o racismo, a LGBTQIA+Fobia, o capacitismo, o patriarcado, são alguns dos exemplos do que atravessa o contexto do trabalho profissional de assistentes sociais, exigindo a reflexão, o espaço da troca e da organização política para repor as forças de enfrentamento às demandas do tempo presente. Por isso, chamamos assistente sociais a participar do 18º CBAS, vivenciar esse espaço de (re)encontro, tão histórico, tão cheio de significados e tão necessário para uma categoria profissional posicionada frente aos desafios do seu tempo, que não hesita em subir as ladeiras para que a liberdade uma máxima para todos os povos e biomas desse mundo!
REALIZAÇÃO
